sábado, 10 de novembro de 2012

SHOW DE TRUMAN: A VIDA AO VIVO

O filme dirigido por Peter Weir, O Show de Truman, leva a um limite extremo a discussão sobre o Poder da Mídia. Durante 30 anos, Truman (Jim Carrey) tem a sua vida filmada para uma espécie de Reality Show. Sem se dar conta, ele vive no cenário de um programa transmitido 24 horas por dia. Todos à volta de Truman são atores ou figurantes. E nesse caso, além de manipular o público, a mídia engana inclusive o seu astro involuntário. A manipulação é personificada pelo diretor do programa Christoff (Ed Harris). No convívio de Truman estão a sua esposa Meryl (Laura Linney), o amigo Marlon (Noah Emerich) e Lauren (Natascha McElhone), figurante que se apaixona por ele. Se mantém milhões de espectadores fiéis pelo mundo, o programa também mexe com os envolvidos: Christoff intensifica o seu papel de pai controlador, a atriz que faz Meryl se transforma em prostituta de luxo pois cobra 10 mil dólares por cada noite ao lado de Truman, o ator que vive Marlon não consegue se livrar da culpa pelas suas mentiras e a figurante Lauren assiste ao fracasso de sua campanha para libertar Truman. Alegoricamente o filme mostra a relação entre criador e criatura, tema do clássico Frankenstein. Em O Show de Truman, no entanto, há também a metáfora da criação do mundo, representado pelo domo que contém a cidade cenográfica, com todos os seus elementos climáticos artificiais. Segundo o Wikipédia, Benson Parkinson, de uma associação de Mórmons, chega a relacionar o nome do diretor, Christoff, com o mal, Christ – off, ou o Anti-Cristo. E nome Truman significaria True Man, o homem verdadeiro. A ânsia pela espetacularização e audiência chega ao ponto do programa colocar a vida de Truman em risco quando ele inicia o seu processo de libertação. Mesmo assim fica evidente o controle da TV sobre as mentes dos espectadores que não reagem e se mantêm em uma espécie de torpor contemplativo. O filme discute também o poder do mercado ao desfilar uma série de merchandisings dentro do programa. E antecipa o boom dos Reality Shows na TV. O famoso Big Brother fez a sua estreia logo após a exibição do filme. Mas a proposta do BB é menos cruel porque os seus participantes sabem que estão em um programa. Os exemplos mais próximos do programa mostrado no filme são as Câmeras Escondidas, no Brasil chamadas de Pegadinhas. Quando verídicas, algumas situações são tão envolventes que as vítimas, após a revelação da verdade, demoram a acreditar que foram envolvidas em uma farsa. O final do filme, no entanto, é redentor para Truman e para o angustiado espectador, testemunha da busca de sentido para uma vida que não existiu. Imagem: Cena do filme “O Show de Truman”.

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