domingo, 30 de novembro de 2014

Autorretratos: refletindo sobre a própria imagem

O aluno Garibaldi da Silva Costa, do curso de Licenciatura em Artes Visuais da UAB/UnB realizou trabalho de fechamento da disciplina de PIEA 2 utilizando o tema do Autorretrato. Com o título Autorretrato: reflexo de si mesmo, Garibaldi fundamentou a oficina observando as premissas da Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa considerando os pilares da apreciação de obras de arte, realização do trabalho artístico e contextualização histórica da Arte. Conceitualmente, Garibaldi recorreu ao mito grego de Narciso para discutir a questão da vaidade muito presente na fase da juventude, característica do público trabalhado por ele: educandos do Ensino Médio. Essa escolha portanto foi acertada pois atende a um interesse natural dos jovens. Contemplando a História da Arte, o aluno Garibaldi propôs na oficina a leitura de autorretrados produzidos por artistas ligados a diferentes movimentos artísticos. Desde obras do Renascimento até o movimento Pop Art, vários autorretratos foram discutidos com os alunos. Nesse sentido pode contextualizar as variações dos autorretrados com os costumes de cada época e os estilos artísticos de cada período. Garibaldi mostrou-se atualizado aos costumes de sua época ao entender que a prática do selfie, o retrato que a pessoa tira de si mesmo utilizando o aparelho celular, poderia ser um facilitador no processo da atividade do autorretrato. Se o autorretrato instantâneo proporcionado pela tecnologia depende apenas da escolha de ângulo, luz, cor e pose, o trabalho de desenhar o próprio rosto a partir da imagem digitalizada exige o fazer artístico a partir da observação. O resultado depende um pouco de habilidade, porém, uma vez que os alunos tiveram contato com autorretratos de diferentes estilos feitos por artistas de diferentes movimentos, a liberdade para desenhar pode ter motivado os educandos. Baseando-se em autorretratos de um mesmo artista, realizado em épocas diferentes, Garibaldi mostrou que a obra reflete não apenas os costumes da época, mas as marcas que o tempo imprime nas feições do autorretratado. Além disso, o autorretrato podem conter também reflexos de anseios, fracassos, vitórias e muitas outras questões pretendidas pelo autor. Ao final da oficina, percebe-se que a atividade do autorretrato com alunos do ensino médio, à luz da Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa, agregou sentido e várias vertentes de construir a própria imagem e de refletir sobre ela. Imagens: O aluno Garibaldi apresentando seu trabalho em webconferência no Polo da UAB/UnB Barretos e uma aluna durante oficina de Autorretrato trabalhando a partir de sua imagem no celular.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Exposição do Projeto "Cinema é Gibi" durante webconferência no Polo Barretos da UAB/UnB

O projeto Cinema é gibi foi apresentado no dia 22 de novembro, de 2014, a partir das 9h30 no Polo da UAB/UnB, de Barretos, São Paulo, através de webconferência, para tutores e colegas da disciplina de PIEA 2. Mesmo com algumas dificuldades de conexão em alguns polos, a atividade serviu para a apresentação dos trabalhos de todos os colegas. A apresentação do meu projeto Cinema é Gibi abriu os trabalhos. O projeto foi aplicado para alunos do 5o. ano A da Escola Municipal "Sagrados Corações", da cidade de Barretos, São Paulo, e buscou mostrar a relação existente entre a linguagem cinematográfica e a linguagem quadrinhística. Informamos que o desenvolvimento do projeto seguiu a proposta inicial apresentada nas discussões de PIEA 2, em que optamos pelo diálogo entre Cinema e Gibi por terem como ponto em comum a Arte Sequencial. A finalidade foi mostrar aos alunos de 5º. ano os processos de adaptação de linguagens, sendo exibido a eles, inicialmente, um programa de TV e na sequência os passos necessários para a criação de personagens de histórias em quadrinhos a partir do audiovisual. Revelamos aos colegas de PIEA 2 que a apresentação aos alunos constou ainda de exposição de esboços, de desenhos originais e de um gibi intitulado Os Estorientos, criado exclusivamente para a atividade. A culminância do projeto na escola foi uma oficina de desenhos em que os alunos criaram personagens a partir do universo lúdico trabalhado. Relatamos a experiência através da webconferência e revelamos que tivemos participação na produção do Programa de TV sendo de minha autoria os desenhos do gibi. Informamos que a escolha gerou uma tarefa trabalhosa, pois nos propusemos a criar o protótipo de um gibi com doze páginas desenhadas. Foram alguns dias para desenvolver os personagens e o gibi. A tiragem em xerox, com capa em xerox colorido foi de 30 exemplares, uma vez que a aula seria destinada a cerca de 20 alunos conforme o combinado na escola municipal “Sagrados Corações”, de Barretos, SP. Durante a webconferência mostrei alguns gibis comerciais utilizados como exemplo da adaptação de linguagem como Castelo Ra-tim-bum, Co-co-ri-có, Sítio do Pica-pau Amarelo e Trapalhões. Na sequência, mostramos esboços, artes finais e o protótipo do gibi distribuído aos alunos. Exibimos por meio de projetor trecho do programa que foi adaptado assim como imagens da apresentação do projeto aos alunos de 5º. Ano da Escola “Sagrados Corações”. Exibimos também os desenhos dos alunos, resultado da oficina realizada em sala de aula. Finalizamos a apresentação concluindo que o projeto cumpriu seus objetivos revelando participação efetiva e interessada dos educandos. Durante a webconferência nos foi sugerida a ideia de agregar a fotonovela como meio de transmitir a questão da adaptação de linguagem, o que consideramos uma proposta pertinente, pois a fotonovela também é uma forma de Arte Sequencial. Acompanhamos as apresentações presenciais dos colegas Garibalde e Waldecler, o primeiro que mostrou seu projeto sobre autorretratos e a segunda que trabalhou com a relação fotografia/desenho. Acompanhamos também as apresentações dos colegas de outros polos através da webconferência sendo que um dos sobre grafite/pichação despertou sobremaneira meu interesse. Mesmo com as interrupções devido a desconexões momentâneas, creio que a apresentação dos projetos de PIEA 2, via webconferência, cumpriu seus objetivos. Acima algumas imagens da atividade no Polo: a tutora presencial Alda Emília, esse aluno entre os colegas Waldecler e Garibalde e outro momento do evento.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

APRESENTAÇÃO DO PROJETO "CINEMA É GIBI"

O projeto CINEMA É GIBI buscou mostrar para alunos do 5o. ano A da Escola Municipal "Sagrados Corações", da cidade de Barretos, a relação entre a linguagem cinematográfica e a linguagem quadrinhística. O principal ponto em comum das duas linguagens é a Arte Sequencial. O projeto foi apresentado para 18 alunos, no dia 14-11-2014, no período das 10 às 12 horas, na sala de projeção da escola. A metodologia utilizada foi aula dialogada, apresentação de video, exposição de esboços e de originais de um gibi criado para a atividade, além de uma oficina de desenho. Os materiais utilizados foram gibis do Castelo Ra tim bum, Co co ricó, Sítio do Pica-pau Amarelo e Trapalhões para exemplificar a adaptação para o gibi de programas de TV e projetor para exibição do piloto do programa Kausos, do qual foi adaptado o gibi original criado para o projeto, gibi de 12 páginas produzido através de reprodução xerográfica. O conteúdo do gibi, intitulado OS ESTORIENTOS, com argumento e desenhos de minha autoria, foi uma adaptação do primeiro episódio do programa Kausos, do qual participei como autor, roteirista e responsável pela animação com massa escolar. Na última página, havia uma atividade para que os alunos, após o momento de fruição, tanto do video quando do gibi, criassem um novo personagem. A proposta era de que imaginassem um novo companheiro para a Turminha de Contadores de história que aparece na história. Houve desde o início da apresentação uma interação muito grande com os alunos. Através de perguntas feitas pelo ministrador da atividade, os alunos demonstraram que entenderam a proposta do projeto e que gostaram do novo gibi. Cada aluno ganhou um gibi para ler, desenhar e pintar. No final, do projeto distribuí meus primeiros autógrafos.
ACOMPANHE PELO YOUTUBE O EPISÓDIO DO PROGRAMA KAUSOS QUE DEU ORIGEM AO GIBI. https://www.youtube.com/watch?v=8qz3TMoLp1U

PIEA 2: AS PÁGINAS FINAIS DA HQ DO PROJETO "CINEMA É GIBI"

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

PIEA2 :PROJETO CINEMA É GIBI - NOVAS PÁGINAS DE "OS ESTORIENTOS"

O Projeto cinema é gibi será apresentado no dia 14 de novembro, às 10h00, na Escola Municipal "Sagrados Corações", de Barretos, SP, para alunos do Ensino Fundamental. Trata-se de uma oficina sobre adaptação de programa de TV para gibi.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

PIEA 2 - ÁLBUM DE FOTOS DO LOCAL DO PROJETO "CINEMA É GIBI"

O projeto "Cinema é Gibi" será desenvolvido na Escola Municipal "Sagrados Corações", localizada no Complexo Educacional "Amador Alves de Queiroz", do Bairro Derby Clube, em Barretos, SP. A data estabelecida para a realização do trabalho é 14 de novembro de 2014, a partir das 10h30. O projeto será aplicado para 27 alunos, do Quinto Ano "A", do Ensino Fundamental. A professora dessa classe é
Maria Olímpia Bampa. A escola é dirigida por Alessandra Hoft Puga tendo como coordenadora a professora Luciene Silva Marques de Souza. No Complexo Educacional "Amador Alves de Queiroz" funciona também o Polo UAB/UnB e a diretora Dinelaine Dini esteve presente no momento do pedido de autorização para a realização do projeto na escola.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

PIEA 2: PRIMEIRAS PÁGINAS DO GIBI BASEADO EM PROGRAMA DE TV

PIEA 2: CRIAÇÃO DE UM GIBI INFANTIL ADAPTADO DE UM PROGRAMA DE TV

O presente projeto surgiu a partir da relação entre Cinema/Programa de TV e quadrinhos, uma vez que os meios constituem Arte Sequencial. O gibi receberá o título de “Os Estorientos” e será uma adaptação para História em Quadrinhos do programa de TV Kausos, desenvolvido em 2010 pelos grupos culturais Cia. Rio Circular e Instituto “João Falcão”, ambos de Barretos, SP. Nesse programa atuei como criador da ideia original, autor do roteiro, diretor de animação stop-motion e editor de imagens. O programa mistura ficção, documentário, animação e musical e conta as aventuras de um grupo de contadores de histórias contratado por uma agência comandada por um calhambeque falante, o Mestre Ximbica. No programa de TV, além de Mestre Ximbica, os personagens são Petronilha, Xexeo, Zé Gamela, Arquelino e Chicória. Na versão do gibi, os nomes foram trocados, respectivamente, para: Mestre Xabu, Lobata, Chico Beleza, Tonico, Ziroldo e Coralina, nomes que remetem a artistas e escritores brasileiros. A motivação para desenvolver o gibi vem da própria característica dos roteiros lúdicos bem apropriados ao universo infantil. O projeto tem a finalidade de discutir em sala a adaptação de um audiovisual para uma história em quadrinhos, com o desenvolvimento de personagens, roteiros, etc, além de ser um teste de aceitação voltado ao público de 8 a 10 anos de idade. O teste contará com exibição do Programa de TV (disponível no YouTube), oficina sobre adaptação de linguagem, distribuição de um protótipo do gibi para apreciação e uma pesquisa simples de satisfação: GOSTEI ( ) NÃO GOSTEI ( ), aplicada às crianças. Os instrumentos para a realização do projeto são materiais para desenho e ilustração, xerocópias para produção do protótipo/boneco do gibi, telão para apresentação do programa, pesquisa com os alunos, registro fotográfico e montagem de exposição no polo, personagens, criação de um protótipo de gibi (xerocado), teste/pesquisa com público alvo, registro fotográfico, relatório e exposição no Polo da UAB. No Complexo “Amador Alves de Queiroz” em que funciona o Polo da UAB/UnB há também classes de educação infantil nas quais pretendo aplicar esse teste/projeto. Endereço Programa Kausos no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=YxFaF2dkghI

sábado, 25 de outubro de 2014

O Projeto Álbum de Chumbo

O projeto de Arte “Álbum de Chumbo” foi concluído e montado em um painel do corredor do Polo Barretos da UAB/UnB no dia 11/04/2014. Uma vez que o projeto foi todo planejado através de um cronograma de tarefas, a execução ocorreu no prazo proposto e sem incidentes. Na manhã de sábado (12/04) o polo é bem freqüentado por alunos de outros cursos e a exposição dos trabalhos dos alunos de Ateliê de Produções Interdisciplinares do Curso de Artes Visuais foi bem visitada. Os seminários estão marcados para as 19 horas do dia 15 de abril. Alunos de vários cursos da UAB/UnB, principalmente os de Artes Visuais, foram convidados para o encontro. A exposição “Álbum de Chumbo” começou a ter visibilidade a partir das postagens das obras nas redes sociais. Abaixo, alguns dos muitos comentários. “Um artista antenado, multiplica a potência expressiva e nos abre os olhos, a mente e o coração. Trabalho genial: a técnica e a crítica. Retratar com carvão os anos negros que não devemos esquecer nem repetir”. Bernardino Pereira Lopes “O ar fantasmagórico e sombrio na cara dos agressores e o medo no agredido assim como o rosto sem forma do sujeito ao fundo...Parabéns pelo desenho! Compartilhe outros quando fizer.” Davi Barbosa “E tem gente fazendo passeata pedindo a volta dessa cena. Bela imagem”. Samir Karnib “Parabéns pela iniciativa. Surpreendeu-me essa ideia. Se posso sugerir um personagem, sugiro o Lamarca, companheiro de Iara Iavelberg”. Sávio Correa “Temos que trazer à tona essa época, para dizer: Ditadura, nunca mais” Fátima França “Valeu! Como diz a música: ‘todo artista deve ir onde o povo está’” Maurício de Paula Hermann “Estive no Polo e vi esse painel. Parabéns!” Rosemary Aparecida Rocha Marin

O Artista Pica-pau

A partir dos anos 50, o município de Barretos, SP, passou a realizar um evento filantrópico inspirado no universo da Pecuária, base de sua economia na época. A festa, realizada no mês de agosto, aniversário da cidade, homenageia o Peão de Boiadeiro. Nesse sentido apresenta como atrações aspectos da rotina dos integrantes das comitivas que, no lombo de mulas e cavalos, tocavam as boiadas pelas estradas do Brasil. As montarias, utilizadas pelos peões para amansar os animais, transformaram-se no espetáculo do rodeio, que é um dos principais programas da festa que chega aos dias atuais atraindo turistas de todo o Brasil. É um turismo baseado na lida de um campo nostálgico e, por isso, com destaque para o universo visual que valoriza a originalidade e a autenticidade. Entre os materiais mais comuns desse universo estão o couro e a madeira. É nesse contexto geral que o escultor e entalhador cearense, Francisco Haroldo Gomes da Silva, o Pica-pau, de 51 anos, se integrou a partir de 1998. A origem Pica-pau conta que era um menino de rua e que começou a aprender a Arte de esculpir e entalhar a madeira com os artesãos das feiras livres de Fortaleza, CE. O contato com os artesãos fez com freqüentasse um centro cultural e aperfeiçoasse o seu trabalho com um artista que esculpia carrancas, Mestre Bedi, e com um escultor clássico Marcos Reis, além de Mestre Juarez, um conhecido escultor cearense. No final da década de 90 visitou a Festa do Peão de Barretos e, ao perceber que a cultura local valorizava os objetos feitos com madeira, decidiu desenvolver o seu ofício de entalhador e escultor na cidade. Ao receber encomendas para realizar suas obras ganhou por aqui o apelido que o tornaria conhecido, inspirado no personagem de desenho animado, Pica-pau, criado pelo americano Walter Lantz. Pica-pau, o escultor, considera que a sua produção mais significativa esteja no Parque do Peão, local onde se realiza anualmente a Festa de Rodeio organizada pela Associação “Os Independentes”. Para esse espaço, o escultor produziu placas e tabuletas indicativas de madeira, em médio relevo, em que geralmente esculpe imagens e letreiros. A integração com o evento, divulgado nacionalmente pela mídia, fez com que o trabalho de Pica-pau ganhasse projeção, através inclusive de uma novela da Rede Globo, “América”, que explorou o universo country das festas de peão. Artista Popular Fiel às origens, durante algum tempo, Pica-pau participou de uma feira de artesanato que existia no entorno do Terminal de Ônibus Urbano da cidade de Barretos, na Praça 9 de Julho. Nesse local, vendia suas peças de menor proporção, tridimensionais, esculturas de médio relevo, e também esculpia e comercializava placas de madeira com nomes próprios. Aumentando a sua clientela, Pica-pau estabeleceu-se em um imóvel localizado na Rua 28 entre avenidas 39 e 37, onde criou o seu ateliê. Nele, até hoje realiza peças sob encomenda: placas indicativas de propriedades da zona rural e urbana (fazendas, sítios, chácaras, lojas e consultórios) e também trabalhos artísticos. As peças espalhadas por seu ateliê revelam os recursos artísticos de Pica-pau. Ele esculpe tanto em baixo e médio relevo como produz figuras tridimensionais. A respeito do ofício que escolheu, Pica-pau lamenta que é um trabalho recebido por muitos ainda de forma “hostil”. Isso, no entanto, não o impediu de buscar por aqueles que admiram e valorizam o seu trabalho. Ainda não explora todo o potencial da Internet para divulgar suas obras, limitando-se a utilizar para tal fim um e-mail: artepicapau@hotmail.com . Porém, Pica-pau revela que já tem trabalhos no exterior: Argentina, Chile, Estados Unidos, Israel, China e Japão... Nesses países, garante, é conhecido pelo nome de Prinsp, justificando o segundo nome devido ao fato de não poder utilizar a figura do personagem Pica-pau que é marca registrada, mundialmente conhecida. A Arte Haroldo Gomes, o Pica-pau informou que prefere imprimir em suas obras um tipo de Arte representativa. É admirador dos entalhadores nordestinos, notadamente dos que se dedicam à construção de peças para a literatura de cordel. Aliás, em muitos de seus trabalhos, principalmente no que se refere às diferentes hachuras, há um pouco do estilo de cordel. Suas ferramentas principais são os formões, as goivas de entalhe, o ferracanto, o buriu, martelo, porretes de madeira (batedores), as lixas, tintas, vernizes e corantes. A madeira, matéria-prima, dos trabalhos de Pica-pau é encontrada, segundo o escultor, em fazendas, obras de demolição e nas próprias madeireiras da cidade. Dá preferência para as madeiras moles como o eucalipto tratado, a sucupira mole, o cedro (macio), o mogno, a cerejeira e mesmo o pau-óleo, um pouco mais duro. Geralmente os temas desenvolvidos são sugeridos pelos clientes. Gosta de esculpir, no entanto, cenas bíblicas, santos e personagens míticos. Projetos Pica-pau trabalha pelo seu sustento, já que é solteiro e não tem familiares em Barretos. O que recebe vendendo placas de madeira representa o principal percentual na formação de seu orçamento. Uma placa de grandes proporções para a entrada de uma fazenda, por exemplo, consegue vender por mais de mil reais. Mas também realiza peças pequenas que vende a partir de 10 reais. Outro produto que costuma vender são as placas com escudos de times de futebol. Porém o escultor sonha em dedicar-se a um trabalho mais artístico em busca de reconhecimento não apenas local. Entre os seus projetos está o de realizar exposições a partir de 2014, iniciando-se em Barretos e depois em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, onde residiu durante uma temporada e mantém contatos. Outra atividade que demonstra motivação em desenvolver é a de “professor”. Com a ajuda de alguns ex-presidentes da Associação “Os Independentes”, organizadora da Festa do Peão, Pica-pau disse que montou uma escolinha no Parque do Peão, em que, no mês de agosto, ensina a sua Arte a crianças, jovens e adultos. Finalmente, Pica-pau só fica ressentido em não poder usar o seu apelido e nem a imagem associada ao personagem do desenho animado, porque já foi advertido sobre isso. Uma pena, porque aquele que já ouviu o som de um Pica-pau bicando um coqueiro, sabe que é bem parecido com o barulhinho feito pelas pancadinhas do formão de Haroldo Gomes na madeira, na construção de suas peças. Figs. 1: O artista com uma carranca e diante do seu principal “ganha-pão”, as placas de madeira. Fig. 2
: o artista diante de mais um tema sacro.

Ilustração X Poesia

Inspirei-me no poema "A Casa Branca Nau Preta", de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa para desenvolver, no Programa Corel Draw, a ilustração abaixo que chamei de "Álvaro de Mares". O poeta não só nessa poesia como em muitas outras parece estar com a cabeça no oceano. Busquei uma obra do artista japonês Katsushika Hokusai (1760-1849) intitulada A Grande Onda de Kanagawa (emoldurando o monte Fugi ao fundo). Relacionei a obra com um retrado de Fernando Pessoa, retirado do Google que trabalhei no Corel Draw.

O Tesouro de Marco Polo - Carl Barks

Os chilenos Ariel Dorfman e Armand Mattelart avaliaram em 1971, no livro Para Ler o Pato Donald, o conteúdo da próxima história da seguinte forma: “A situação de guerra civil se transforma num incompreensível jogo entre um e outro lado, isto é, fratricídio estúpido e sem direção ética ou razão socioeconômica. A Guerra do Vietnã resulta em mero intercâmbio de balas desajustadas e insensatas, e a trégua em uma sesta”. O ensaio panfletário, de orientação socialista, interpreta a ideologia dos quadrinhos Disney sobre um viés sectário. Em 1999, Carl Barks foi convidado a rebater as críticas e saiu-se com esta: “Eu estava furioso como todo mundo com as idiotices que as pessoas aprontavam em diferentes partes do mundo, mas o que podia fazer a respeito? Eu não tinha como contratar um exército para ir lá e dar uma lição nelas. Só podia ver TV e esperar notícias melhores. Eu achava que a pessoas eram contra o conflito no Vietnã e que precisávamos deter os comunistas ou eles tomariam conta de tudo. Então tentei fazer graça com a guerra. Em O Tesouro de Marco Polo, procurei trazer as coisas de volta ao seu estágio anterior, fazendo as pessoas pensarem nos bons tempos que antecederam todo o ódio e os combates em tempo integral. A história foi escrita numa época em que eu andava sem ideias e precisava me esforçar um bocado para desenvolver roteiros sobre assuntos que não conhecia a fundo”. É claro que o Homem dos Patos se saiu bem, embora a aventura tenha um tom diferente das demais de Tio Patinhas. Mas uma guerra não é um tema fácil de se explorar. O desenho no alto da página reproduz o esboço de Barks rejeitado pelos editores. A chuva de balas e o fuzil na mão do vietcongue justificam a recusa. Já a capa aprovada (ao lado) apela para o humor. O Tesouro de Marco Polo é uma trama polêmica mesmo nos dias de hoje. Ela sofreu uma atenuante em republicações recentes nos Estados Unidos: a passagem em que o guerrilheiro cita a má qualidade dos relógios fabricados no Paraíso dos Trabalhadores – uma óbvia alusão à extinta União Soviética – dá lugar a uma piada sobre as Indústrias Patinhas. Neste volume, a tradução respeita o texto original do quadrinista. Marcelo Alencar in “O Melhor da Disney – as Obras Completas de Carl Barks” – Volume 23 – Editora Abril (2006) Pág. 129. Barks, Cinema E Quadrinhos Marcos Diamantino Carl Barks (1901-2000) foi um desenhista e argumentista que, involuntariamente, acabou com a política da Disney de não dar crédito aos autores das HQs. Essa determinação foi mantida até mesmo nas editoras que lançavam os quadrinhos Disney pelo mundo. O teórico Álvaro de Moya, tradutor do livro Para Ler o Pato Donald, dos chilenos Dorfman e Mattelart, revela no prefácio da obra que ele mesmo foi um desenhista não creditado da Editora Abril quando desenhava as capas de Mickey e Pato Donald. “E assinando Walt Disney, impossibilitado de assinar minhas próprias histórias em quadrinhos, até desistir para sempre dos quadrinhos”. Essa estratégia da empresa fazia os leitores pensarem que tudo era feito por Walt Disney. Segundo Moya, Disney parou de desenhar em 1927: “o resto, tal como Rubens e Salvador Dali, foi trabalho de uma enorme equipe de fantasmas (ghosts)”. E coube a um leitor dos Estados Unidos descobrir que aquelas histórias de Tio Patinhas e Donald, com traços bem diferenciados e argumentos inspirados pelas grandes reportagens da revista National Geograhic, eram produzidas por Carl Barks, um norte-americano bem tradicional apaixonado por animais domésticos. Barks começou no departamento de desenhos animados Disney e depois dedicou-se aos Comics (gibis), desenhando o Pato Donald e o Tio Patinhas. Barks criou entre outros personagens a Maga Patalójika, os Irmãos Metralha e o Professor Pardal. Em 2006, a Editora Abril publicou uma coletânea (O Melhor da Disney) com a a obra completa de Carl Barks reunida em 41 edições com aproximadamente 180 páginas cada. E foi a partir do Caso Barks, que a Disney passou a dar o crédito a argumentistas e desenhistas. Com o livro Para Ler o Pato Donald, os chilenos Dorfman e Mattelart, analisam o viés colonialista do universo Disney. Uma das histórias mais visadas de Barks é a que coloca o Tio Patinhas e seus sobrinhos no meio da Guerra Civil do Vietnã. Nos EUA, a história foi publicada na revista Uncle Scrooge 64, em julho de 1966 e, no Brasil, a HQ apareceu pela primeira vez no Almanaque Tio Patinhas 15, em outubro do mesmo ano. Tio Patinhas não se preocupa em ficar sob fogo cruzado quando o seu interesse é encontrar um tesouro de pedras preciosas escondido pelo lendário Marco Polo em um elefante de jade. Fica claro que Carl Barks coloca os rebeldes como os vilões da história: Ming Mao é o líder rebelde que pretende derrubar o Príncipe Bein Bon para conquistar o Vietbang. Barks faz inclusive críticas a União Soviética, quando um guerrilheiro reclama da qualidade dos relógios produzidos pelo “Paraíso dos Trabalhadores”. Fica evidente que Barks sugere que os soviéticos apoiam os rebeldes. Os teóricos chilenos Dorfman e Mattelart, de orientação socialista, criticam a falta de explicação da revolta rebelde na HQ colocando a guerra civil como um conflito “sem motivos”. Os patos ajudam o Príncipe Bein Bon a retomar a normalidade do País e de forma de “egocentrismo mágico”(Para ler o Pato Donald, pág. 67) os próprios rebeldes se voltam contra o Tirano Ming Mao. No final da história, Tio Patinhas encontra as joias de Marco Polo e, atingido por uma incrível solidariedade (algo incomum em se tratando de Tio Patinhas) decide doar o tesouro na reconstrução de Vietbang. É preciso lembrar que na época havia um clima de guerra fria entre EUA e União Soviética e mesmo o Mestre Carl Barks não conseguir livrar-se disso. Mas uma história como essa poderia estar preparando o público americano para a entrada dos EUA na Guerra do Vietnã. Em seu artigo, o jornalista Marcelo Alencar refere-se a única censura feita à HQ na época: a editora não aceitou o esboço da capa que mostrava um tiroteio preferindo uma cena mais lúdica. Referências: ALENCAR, M. O Melhor da Disney – as Obras Completas de Carl Barks – vol. 23 – Editora Abril, 2006 ALMANAQUE TIO PATINHAS 15 – Editora Abril - 1966 DORFMAN, A., MATTELART, A. Para Ler o Pato Donald – Comunicação de Massa e Colonialismo – 3ª. Edição, Paz e Terra, 1980 Arquivo da Internet: ludy_quadrinhosdisney.blogspot.com.br