sábado, 27 de agosto de 2011

AS NOVAS CLASSES SOCIAIS: PLUGADOS E NÃO-PLUGADOS

Vivenciamos um mundo tecnologicamente em movimento, onde Pierre Lévy conclui que caminhamos para a construção de um novo espaço antropológico, o espaço da cibercultura, no qual todos os indivíduos poderão ficar interligados em tempo real via internet, nascendo assim, o pensamento da inteligência coletiva, onde esse novo espaço de escrita será o local para a troca de conhecimento em rede. Para Pierre Levy, “o ciberespaço é a principal fonte para a criação coletiva de idéias, de forma que elas sejam usadas para o bem de todos, através da cooperação intelectual".

Embora essa seja uma tendência sem volta, é pertinente destacar que programas de inclusão digital no Brasil ainda são incipientes. Também pelo planeta, salvo as iniciativas dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, há uma parcela considerável da população mundial desconectada da rede. Há de se pensar num modo de acelerar essa socialização das TICs para que não não haja uma diferenciação de classes: os plugados e os não plugados. Classes que se diferenciam pelo poder econômico e suas condições de acesso à informatização. No Brasil considera-se que a população está menos pobre devido a programas governamentais de distribuição de renda. No entanto, falta ainda um programa consistente de inclusão digital. Entre os brasileiros com educação em níveis aceitáveis, o computador é um dos principais objetos de desejo. E de consumo. No entanto, quando segundo o jornal O Estado de S. Paulo (26-08-2011), constata-se que "metade das crianças brasileiras que concluíram o 3o. ano, em escolas públicas e privadas, nas capitais brasileiras, não aprendeu os conteúdos esperados para esse nível de ensino", com conhecimentos abaixo da média em leitura e escrita, questiona-se não apenas a qualidade da educação, mas se essas crianças tiveram acesso às ferramentas tecnológicas. Conforme afirma Lévi, o ciberespaço é "o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores". Sem a existência da internet seria impossível haver essa comunicação, essa sociabilidade com o mundo. [...] É o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. Mas não podemos tomar por base um circulo de plugados, daqueles que participamos, seja através de correio eletrônico e sites de relacionamentos, e imaginar que não existe uma população alijada desse contexto. A nova ordem educacional absorve as TICs e o desafio é conhecê-las e aplicá-las em todas as salas de aula. No entanto, para que não haja um choque é preciso que se conheça não só a realidade dos contemplados mas também a dos alijados e ajudar no sentido de que essa infra-estrutura exista de fato.

Não apenas no ensino, a distância entre plugados e não-plugados deve diminuir. O computador nas residências deve ser considerado mais do que um eletrodoméstico. Uma vez que colabora para a ascensão social deveria ser de alguma forma subsidiado pelo governo.

Já sabemos que no “Ciberespaço” temos a “Cibercultura”, que corresponde a uma cultura que ocorre de forma unificada englobando todas as sociedades de forma virtual, formando uma cultura em um espaço universal. Neste espaço, não há distâncias entre uma sociedade e outra. Há uma mesma forma de comunicação, com idiomas diferentes, mas com o mesmo formato. Mas para que isso se materialize é necessário uma infraestrutura a que uma expressiva parcela das populações ainda não tem acesso.

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